Dormir de lado "limpa o cérebro" e pode evitar doenças como Alzheimer
   Paula Moura
Do UOL, em São Paulo (SP)
 Do UOL, em São Paulo (SP)
-  Getty Images
 
O cérebro tem um sistema complexo para limpar soluções químicas prejudiciais que funciona de forma parecida com o sistema linfático, denominado de "sistema glinfático" por pesquisadores da Universidade Rochester em 2012. Este sistema possui uma espécie de "encanamento" para fazer a "drenagem" de substâncias indesejadas. O nome vem das células glia, do cérebro, que administram este sistema. Cientistas de Rochester também ajudaram no estudo.
"Com essa descoberta, acreditamos que a postura do corpo e a qualidade do sono devem ser consideradas nos diagnósticos e ajudar no entendimento sobre a limpeza de proteínas prejudiciais ao cérebro que podem contribuir ou causar doenças neurológicas", afirmou Helene Benveniste, da Universidade de Stony Brook. Ela lembra que, apesar da descoberta, ainda é preciso fazer testes em humanos. Helene e seus colegas usaram ressonância magnética de contraste dinâmico para observar esse sistema.
Os resíduos do cérebro incluem amiloides e proteínas tau, substâncias químicas que afetam o processamento do cérebro de forma negativa quando se acumulam. Já os cientistas da Universidade de Rochester contribuíram usando microscopia fluorescente e marcadores radioativos para validar os dados da ressonância e analisar a influência da postura na eliminação de amiloides do cérebro.
A posição de lado para dormir é a mais comum entre os humanos e muitos animais. "É interessante que a posição lateral para dormir já é a mais popular nos humanos e na maioria dos animais - mesmo os selvagens - e parece que nós nos adaptamos à posição justamente para limpar nosso cérebro com mais eficiência dos resíduos metabólicos que produzimos quando estamos despertos", diz Maiken Nedergaard, da Universidade de Rochester.
Segundo ela, o estudo dá subsídio ao conceito de que dormir tem uma função biológica distinta de 'arrumar' a bagunça acumulada enquanto estamos despertos. "Muitos tipos de demência estão ligados a distúrbios do sono, inclusive dificuldades em começar a dormir. Também está aumentando o conhecimento de que os distúrbios do sono podem acelerar a perda de memória na doença de Alzheimer. Nossa descoberta traz um novo insight sobre o assunto ao mostrar que a posição em que você dorme é importante", explica.
Ampliar
O
 primeiro sintoma do alzheimer é a perda da memória MITO: não é apenas a
 perda da memória que sinaliza o alzheimer. A doença atinge inicialmente
 a parte do cérebro que controla a linguagem, a memória e o raciocínio, 
outros sintomas podem indicar sua chegada. "Esquecimentos persistentes 
de fatos recentes, recados, compromissos, dificuldades com planejamento 
de atividades, cálculos, controle das finanças, desorientação no tempo e
 no espaço, dificuldade de executar tarefas rotineiras e alterações de 
comportamento (como comportamentos inesperados, inadequados, incomuns 
para aquela pessoa) são os primeiros sinais da doença de alzheimer", 
explica o psiquiatra Cássio Bottino, professor do Instituto de 
Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da 
USP (FMUSP) e diretor científico da Associação Brasileira de Alzheimer 
(Abraz) Leia mais Getty Images