sábado, 28 de junho de 2014

Sono aumenta número de células no cérebro, diz estudo

Segundo cientistas, dormir elevaria produção de substância que protege estrutura neural.

Da BBC
Dormir libera mielina, substância que protege o circuito do cérebro, dizem cientistas (Foto: BBC)Dormir libera mielina, substância que protege o circuito do cérebro, dizem cientistas (Foto: BBC)
Cientistas americanos acreditam ter descoberto mais um motivo para incentivar as pessoas a tentar ter uma boa noite de sono: dormir ajudaria a repor um tipo de célula do cérebro. Segundo eles, dormir eleva a produção de células que produzem uma substância estimuladora conhecida como mielina, responsável proteger o circuito neural.
A pesquisa, realizada até agora somente com ratos de laboratório, poderia ajudar a entender a ação do sono na reparação e no crescimento do cérebro, além do combate à esclerose múltipla, disse a equipe de cientistas do Estado americano de Wisconsin. As descobertas foram publicadas na revista científica "Journal of Neuroscience".
A equipe liderada pela cientista americana Chiara Cirelli, da Universidade de Wisconsin, descobriu que a taxa de crescimento das células produtoras de mielina dobrou enquanto os ratos dormiam.
O aumento se deu com maior intensidade durante o período associado ao sonho - chamado de REM ou "movimento rápido dos olhos" - e foi produzido por genes. Em contrapartida, genes envolvidos na morte das células e em respostas de estresse passaram a ser observados quando as cobaias foram forçadas a permanecer acordadas.
O motivo pelo qual os seres humanos precisam dormir intriga os cientistas há séculos. Já se sabe que uma boa noite de sono ajuda o corpo a repor as energias e garante seu bom funcionamento - mas o processo biológico que acontece durante esse período só começou a ser estudado recentemente.
Crescimento e reparação
"Por muito tempo, os cientistas concentraram seus esforços em comparar a atividade cerebral quando estamos dormindo e quando estamos acordados", explica Cirelli. "Agora, está claro que a maneira como operam outras células de apoio no sistema nervoso também muda significativamente se estivermos dormindo ou acordados."

Os cientistas dizem que suas descobertas indicam que a perda de sono pode agravar alguns sintomas da esclerose múltipla, doença que prejudica a produção de mielina. Nela, o sistema imunológico ataca e destrói o revestimento de mielina dos neurônios e da medula e do cordão espinhal.
Segundo Cirelli, estudos posteriors poderão observar se o sono afeta ou não os sintomas da esclerose múltipla. Ela acrescenta que sua equipe também vai examinar se a falta de sono, especialmente durante a adolescência, pode gerar efeitos nocivos de longo prazo para o cérebro.
De acordo com o Instituto Americano de Transtornos Neurológicos e de Acidente Vascular Cerebral, dormir ajuda o sistema nervoso a funcionar corretamente. Um sono profundo coincide com a liberação do hormônio do crescimento em crianças e em jovens adultos. Muitas das células do corpo também registram elevação da produção e redução da quebra de proteínas durante esse período.
Dado que as proteínas ajudam o crescimento das células e a reparação dos danos causados por estresse e raios ultravioletas, uma boa noite de sono realmente pode significar o "sono da beleza", acrescenta a instituição.
veja também

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Déficit de sono tem efeito 'dramático' sobre o corpo humano, conclui estudo

Atualizado em  9 de junho, 2014 - 16:33 (Brasília) 19:33 GMT
Foto: BBC
Quantidades insuficientes de sono durante um período prolongado pode ter efeito profundo sobre o funcionamento do corpo humano, segundo pesquisadores britânicos.
Um experimento concluiu que a atividade de centenas de genes no organismo de voluntários foi alterada quando eles dormiram menos de seis horas por noite durante uma semana.
Em artigo na publicação científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), os pesquisadores disseram que os resultados do estudo ajudam a explicar como o sono insuficiente prejudica a saúde.
Doenças cardíacas, diabetes, obesidade e mau funcionamento do cérebro foram vinculados ao pouco dormir.
O processo pelo qual o déficit de sono altera a saúde, no entanto, ainda não é conhecido.
A equipe da Universidade de Surrey, na Inglaterra, coletou amostras de sangue de 26 pessoas após elas terem dormido bastante - até dez horas por noite - durante uma semana.
Na segunda fase do experimento, o mesmo grupo foi submetido a uma semana de sono insuficiente - menos de seis horas por noite. Amostras de sangue foram colhidas novamente.
Ao comparar as amostras, os cientistas observaram que a atividade de mais de 700 genes no organismo dos participantes foi alterada após a mudança no padrão do seu sono.

Configuração química

Cada gene contém instruções para a fabricação de uma proteína. Portanto, os que ficaram mais ativos produziram mais proteínas. Isso alterou completamente a configuração química no corpo dos voluntários.
O relógio natural dos seus organismos também foi perturbado pela falta de sono. A atividade de alguns genes aumenta e diminui no decorrer do dia, mas esse efeito foi enfraquecido pelo déficit de sono.
Falando à BBC, Colin Smith, da Universidade de Surrey, disse que "houve uma mudança dramática na atividade de muitos tipos diferentes de genes".
"Áreas como o sistema imunológico e a forma como o organismo reage a danos e estresse foram afetadas", agregou. "Claramente, dormir é essencial para a reconstrução do corpo e a manutenção de um estado funcional. (Caso contrário) vários tipos de danos parecem acontecer, o que pode resultar em doenças. Se não podemos reabastecer ou substituir células, isso leva à (formação de) doenças degenerativas."
O especialista disse que muitas pessoas podem estar vivendo com déficits de sono ainda maiores do que os estudados. Isso significa que essas mudanças nos genes podem ser comuns.
Comentando os resultados do experimento, o pesquisador Akhilesh Reddy, que estuda o relógio biológico humano na Universidade de Cambridge, Inglaterra, disse que o estudo é "interessante".
Para ele, as revelações mais importantes são os efeitos do sono insuficiente sobre inflamações e o sistema imunológico. Ele explicou que é possível estabelecer-se um vínculo entre esses efeitos e problemas de saúde como a diabetes.

Leia mais sobre esse assunto

Tópicos relacionados