sábado, 17 de outubro de 2015

Recompensa e sono: duas estratégias para turbinar a memória

Jairo Bouer

Um estudo sugere que associar o aprendizado a algum tipo de recompensa ajuda a fazer a informação ficar guardada na memória por mais tempo, especialmente se isso for seguido de uma soneca.
SONOTEEN300
Segundo pesquisadores da Universidade de Genebra, mesmo uma pequena soneca após absorver uma nova informação faz bem à memória de longo prazo.
A conclusão foi tirada após um experimento com 31 voluntários saudáveis, que passaram por exames de ressonância cerebral enquanto faziam testes para se lembrar de uma série de figuras, sendo que algumas envolviam uma recompensa maior do que outras. Uma parte dos participantes tinha que ficar acordada após a tarefa, enquanto outra podia tirar um cochilo.
Todo mundo lembrou mais das imagens associadas à recompensa maior, mas aqueles que dormiram depois do teste se saíram ainda melhor. Três meses depois um teste-surpresa foi realizado e, de novo, os participantes que haviam cochilado na primeira vez foram os que se lembraram de mais figuras.
O escaneamento cerebral revelou que o grupo que dormiu apresentou uma atividade maior no hipocampo, área associada à formação de memórias. Os dados foram publicados na revista eLife. Esse é só mais um de uma série de experimentos que comprovam que o sono é importante para o aprendizado.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Homem pré-histórico dormia 6,5 horas por noite, segundo estudo
 

Estadão Conteúdo    

O homem pré-histórico não dormia mais que o homem moderno, de acordo com um novo estudo. A fim de descobrir como dormiam os povos ancestrais, um grupo de cientistas estudou os padrões de sono de comunidades tradicionais em três países. A conclusão contraria o senso comum: mesmo sem as perturbações típicas da vida moderna, as poulações de caçadores-coletores dormiam em média 6,5 horas por noite.

O estudo, publicado nesta quinta, 15, na revista científica Current Biology, mostra também que povos tradicionais da Bolívia da Namíbia e da Tanzânia não tiram sonecas regulares, nem vão dormir logo que escurece, como seria esperado para comunidades sem acesso a luz elétrica, TV, internet e ruídos da cidade.

"O tipo de sono dessas populações desafia a crença de que o sono foi altamente reduzido no mundo moderno. Isso tem importantes consequências para a ideia de que precisamos de pílulas para dormir, já que o sono teria sido reduzido de seu 'padrão natural' pelo amplo uso da eletricidade, das TVs, da internet e assim por diante", disse um dos autores do estudo, Jerome Siegel da Universidade de Califórnia, nos Estados Unidos.

Para descobrir como as pessoas dormiam antes da era moderna, os cientistas estudaram três sociedades de caçadores-coletores que vivem como os povos primitivos: duas na África - os Hadza, da Tanzânia e os San, da Namíbia - e uma na América do Sul, os Tsimane, da Bolívia. Os pesquisadores coordenados por Siegel registraram os hábitos de sono de 94 indivíduos e coletaram dados que representam um total de 1165 dias.

Um dos achados mais surpreendentes do estudo é que há uma grande semelhança entre os três grupos. "Apesar da variedade genética e das diferenças de história e de ambiente dessas populações, descobrimos que os três grupos mostram uma organização de sono similar. Isso sugere que eles expressam o âmago dos padrões humanos de sono, provavelmente característicos do Homo sapiens da era pré-moderna", disse Siegel.

O tempo médio de sono dos grupos varia entre 5,7 horas e 7,1 horas - equivalente à duração do sono registrada nas sociedades industriais.

Jerry Siegel, da Universidade da Califórnia, com membros da população San, no deserto de Kalahari, na Namíbia; estudo mostrou que caçadores-coletores dormem em média 6,5 horas por noite, assim como as populações urbanas

Jerry Siegel, da Universidade da Califórnia, com membros da população San, no deserto de Kalahari, na Namíbia; estudo mostrou que caçadores-coletores dormem em média 6,5 horas por noite, assim como as populações urbanas

Os caçadores-coletores dormem uma hora a mais no inverno, em comparação ao verão. Embora não possuam acesso à luz elétrica, nenhum dos grupos tem o hábito de ir dormir com o Sol. Em média, eles ficam acordados pouco mais de três horas após o por do sol e se levantam antes do amanhecer.

O estudo indica, segundo os autores, que o tempo de sono tem mais relação com a temperatura que com a luz. Todos os grupos estudados vão se deitar quando a temperatura cai e dormem ao longo da parte mais fria da noite.

Sem insônia

Foi descoberta também uma importante diferença entre os caçadores-coletores e o homem da sociedade industrial: muito poucos deles sofrem de insônia crônica - uma queixa comum em países industrializados. Segundo os cientistas, isso levanta uma possibilidade interessante.

"Imitar aspectos do ambiente natural experimentado por esses grupos pode ser uma solução eficaz para tratar certos distúrbios modernos do sono, em particular a insônia, um transtorno que afeta mais de 20% da população em países como os Estados Unidos" afirmou Siegel.